No dia 3 de Julho, assinala-se o Dia Internacional sem Sacos de Plástico.
Portugal já tomou medidas para reduzir o consumo com leis que colocam a maior responsabilidade da redução ao nível do consumidor, incentivando o uso de sacos reutilizáveis.
A implementação da lei, que colocou uma taxa sobre sacos de plástico com asas e gramagem inferior a 50 mícrons, surtiu efeito ao seu desuso. Entre 2013 e 2017 utilizaram-se menos 14 000 toneladas de sacos de plástico (dados INE) . No entanto, esta redução não é o suficiente, já que muitas toneladas de sacos de plástico são ainda vendidas e oferecidas em múltiplas superfícies.
Recentemente, foi de descoberta a presença de microplásticos em locais remotos. O plástico está presente em todo o lado, incluindo em neve e chuva. Não é, por isso, surpresa que actualmente os plásticos sejam um dos maiores problemas ambientais, que afecta a saúde e o bem estar humano.
É imperativa a pressão pública, dos cidadãos, cientistas e ONGs para que o plástico de uso único (que inclui os sacos de plástico) passem a ser uma “coisa do passado".
Durante a pandemia, o uso de material descartável não só foi massificado, como em muitos casos necessário. No entanto, com a tecnologia a avançar em tantos sentidos, é possível encontrar soluções para esta necessidade, tais como máscaras e equipamentos de protecção individual reutilizáveis.
Contudo, a solução para a eliminação do uso de sacos de plástico já existe e cabe a cada um de nós saber usá-la, reciclá-la e não a deixar como desperdício no espaço público. Cabe também aos estabelecimentos deixar de ter sacos de plástico à disposição.
Os problemas ambientais associados ao consumo de plástico são muitos e têm sido amplamente estudados e discutidos no âmbito da Associação Portuguesa de Lixo Marinho e apresentados para sensibilidade ambiental em forma de arte.
A investigação sobre microplásticos nos sistemas aquático e terrestre tem sido maioritariamente ecotoxicológica, tendo como base testes de laboratório em organismos, geralmente espécies bem estabelecidas.
No entanto, a abordagem é mais complexa já que estas partículas podem-se mover entre diferentes compartimentos de grande escala, incluindo o ar, habitats terrestres, rios e outros corpos de água doce e o oceano, incluindo sedimentos (ver figura).
O desafio actual é entender a estrutura do ciclo destes microplásticos e de como os fluxos de entrada e saída afectam os ecossistemas terrestres (Rillig & Lehmann, 2020).
Os microplásticos são compostos de carbono, entre outros elementos. A presença de microplásticos nos ecossistemas representa, portanto, uma fonte de carbono independente da fotossíntese e da produção primária líquida.
No entanto, o comportamento e o tempo de permanência dos microplásticos no solo são actualmente desconhecidos. Este tipo de carbono tem provavelmente uma rotatividade lenta, porque o material é maioritariamente inerte.
Devido à resistência do microplástico à decomposição, espera-se que se acumule nos solos pelo que em futuras avaliações ele deve ser tido em conta.
Figura: Fluxo de microplásticos e feedbacks associados ao ecossistema
Fonte: Microplastic in terrestrial ecosystems, Matthias C. Rillig, Anika Lehmann. Science, vol 368, issue 6498, 1430-1431; https://science.sciencemag.org/content/368/6496/1257
Texto de Inês Reis dos Santos e contributos de Maria Amélia Martins-Loução (diagrama)
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