Criar uma Floresta Urbana. Missão impossível ou tarefa fácil? Acompanhe o trabalho da equipa da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa nesta viagem de implementação e testagem do método Miyawaki em clima mediterrâneo.
A criação de mini florestas com árvores autóctones, densas e cheias de biodiversidade surge como resposta ao problema das alterações climáticas e pretende, para além da avaliação científica, envolver toda a comunidade nesta mobilização para a acção climática e na criação de uma "Amazónia" no meio da cidade de Lisboa.
O início desta viagem começa com o lançamento de bombas...
Lancemos...
Bombas de Sementes
É imperativo iniciarmos uma guerra mundial com o lançamento massivo de bombas… de sementes! Esta declaração de guerra contra a perda de biodiversidade e a alteração do clima, já foi iniciada na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa pela FCULresta.
Lançamento das Bombas de Sementes
O que são bombas de sementes?
A bomba de sementes é uma tecnologia antiga que foi reintroduzida por Masanobu Fukuoka e integrada no seu método de “agricultura selvagem”, consistindo na simples mistura de argila, composto e um sortido de sementes de variedades tradicionais autóctones (que quando utilizada para fins hortícolas, utiliza variedades de sementes de cultivares pouco usadas. Há quem intitule sementes crioulas). A argila, para além de dar estrutura e consistência à bola para permitir o seu lançamento a longa distância, vai aumentar a capacidade de retenção de humidade, fundamental para a germinação. O composto providencia a abundância e diversidade de nutrientes que contribui para o crescimento das plântulas após a germinação das sementes.
Fig. 1 - Preparação das bombas de sementes
Esta foi a tecnologia usada na plantação da FCULresta para assegurar a presença de plantas herbáceas com ciclo de vida anual. Durante o estabelecimento da FCULresta, o solo foi previamente misturado com composto e coberto com uma espessa camada de manta morta. Esta camada tem diversas funções:
i) evita a evaporação e a dessecação do solo;
ii) protege e preserva os microrganismos;
iii) melhora a estrutura do solo porque constitui matéria orgânica que será decomposta;
iv) evita o crescimento de ruderais oportunistas que tenham permanecido sob a forma de semente no solo.
Nestas condições a sementeira direta não era adequada e as bombas de sementes mostraram-se extremamente eficazes criando um prado de flores e cheiros nos primeiros meses da sucessão ecológica.
Fig. 2 - Bomba de sementes germinada
Em março de 2021, uma comunidade de 150 jovens produziu e lançou dezenas de bombas de sementes para um espaço de 315 m2.
Após um ano do bombardeamento, observou-se que as espécies de plantas lançadas germinaram, desenvolveram-se, floriram e voltaram a produzir e lançar sementes ao solo que, entretanto, já iniciaram novo ciclo, cumprindo a sua função.
Fig. 3 - Comparação da FCULresta antes e depois do lançamento e germinação das bombas de sementes
"Em tempos conturbados de destruição da biodiversidade, fica o apelo para que lancemos bombas que gerem vida e regenerem o território!"
Textos de: António Alexandre, David Avelar, Inês Reis dos Santos, Madalena Horta, Rebecca Mateus, Maria Amélia-Martins Loução
Ilustração de: Inês Guia
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