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O Que Caracteriza Uma Espécie Invasora?

Espécies invasoras são espécies não-nativas que causam impactes ambientais e económicos negativos.


As espécies invasoras podem prejudicar tanto os recursos naturais de um ecossistema quanto ameaçar o uso humano desses recursos, e têm, assim um forte impacto a nível ecológico e económico com repercussões globais, sendo consideradas uma das principais causas de ameaça à estabilidade dos ecossistemas. Espécies invasoras são espécies não-nativas que causam impactes ambientais e económicos negativos.


O que caracteriza uma planta invasora?


A grande diversidade de  espécies invasoras implica que as suas características sejam diversas. No entanto, há algumas características que são mais frequentes e comuns a todos os organismo, por exemplo:


  1. têm crescimento rápido e/ou grande capacidade de propagação;

  2. competem mais eficientemente pelos recursos disponíveis do que as espécies nativas;

  3. produzem muitas sementes, e/ou novos embriões (no caso das espécies animais) viáveis por longos períodos de tempo e/ou dispersar facilmente;

  4. no caso das plantas são, geralmente espécies pirófitas, adaptadas e favorecidas pelo fogo;

  5. no local onde são invasoras, não têm inimigos naturais uma vez que que estão deslocadas do local de origem;

  6.  no caso das plantas, reproduzem-se vegetativamente sem necessidade de produção de sementes para dispersar;

  7. no local de origem têm uma distribuição alargada, estando adaptadas a condições diversas, etc.


Estas características não estão necessariamente todas presentes numa espécie invasora. Adicionalmente, outras características podem contribuir para o comportamento invasor das espécies. [1]


Diogo Barros, Estudante de Doutoramento em Biologia e Alterações Globais

"Espécie invasora é uma espécie não nativa que se reproduz de forma muito rápida ou descontrolada, muitas vezes substituindo espécies nativas."


Hydrangea macrophylla, hortênsia,

Caldeira do Faial, Açores [2]


Fernanda Garcia, Aluna de Doutoramento em Biociências

Fernanda Garcia fez a licenciatura em Biologia e mestrado em Ecologia na Universidade de Coimbra, com o tema de tese “Sexual segregation in red deer: a question of food?”. O seu percurso tem-se focado na ecologia, comportamento e conservação de mamíferos, mais especificamente cervídeos. Atualmente é aluna de doutoramento em Biociências no Centro de Ecologia Funcional, Universidade de Coimbra. O seu foco principal é compreender o papel do veado na provisão de serviços de ecossistema, essencialmente sob o ponto de vista ecológico.


"Espécie invasora uma espécie que não é originária do local onde se encontra, uma espécie que se consegue reproduzir sem controlo e por assim ser, que prejudica o normal funcionamento do ecossistema em que se insere, mais especificamente prejudicando as espécies nativas que nele vivem."


Cortaderia selloana, Devessas, Vila Nova de Gaia [3]

Phytolacca americana, tintureira, Oleiros, Castelo Branco

Phytolacca americana, tintureira, Oleiros, Castelo Branco [4]


João Gameiro, Aluno de Doutoramento em Biodiversidade Genética e Evolução

"Espécies invasoras são espécies não nativas a uma região ou país, trazidas/facilitadas por acção antropogénica (de maneira inadvertida ou intencional), e que competem com espécies nativas. Exemplos óbvios são espécies de animais ou plantas trazidos de outras regiões para embelezamento de jardins ou como animais de estimação, que se conseguem reproduzir e expandir.


Diria que não são espécies invasoras (mas continuam a ser não nativas ou exóticas), espécies que mesmo que trazidas por acção humana, não têm potencial invasor – por exemplo o Eucalipto (não conseguem competir e aumentar a sua distribuição, têm de ser plantados); ou espécies que tenham potencial invasor mas aumentaram a sua distribuição “naturalmente” – sem intervenção humana (mas o que hoje não é consequência directa ou indirecta da acção humana?). Por exemplo, espécies que expandam a sua distribuição como resultado das alterações climáticas ou outro tipo de fenómenos naturais (jangadas, etc). Acho que há certas espécies de peixes que não eram tão comuns nas nossas costas portuguesas mas que estão a “subir” (em latitude) com o aumento da temperatura da água."


Inês Pacheco, Bióloga

"Espécie invasora pode ser qualquer tipo de organismo vivo (planta, animal, fungo, bactéria, entre outros) e até mesmo sementes ou ovos de um organismo, que se encontre num ambiente diferente do seu local de origem e, que cause danos nesse local. Geralmente são espécies que crescem, reproduzem e espalham-se/dispersam-se rapidamente causando prejuízos no ecossistema, ambiente, economia ou até na saúde humana."


Carpobrotus edulis, chorão-das-praias, Praia das Bicas, Sesimbra [5]


Joana Vaz da Silva, 25 anos, estudante do mestrado de Engenharia Florestal

"Uma espécie invasora tem como principal característica o facto de possuir uma grande capacidade de propagação, trazendo inúmeras consequências aos ecossistemas, bem como à biodiversidade nativa. As duas fotografias que escolhi demonstram precisamente o que referi anteriormente, isto é, a capacidade assustadora que estas espécies têm de se expandirem em larga escala, num curto período de tempo."


Cortadeira selloana, erva-das-pampas, Póvoa do Varzim [3]

Eichhornia crassipes, jacinto-de-água, Esposende [6]


Cristina Reis, Enfermeira

"Uma espécie invasora, é um organismo trazido por alguêm ou agluma coisa e que se adaptou tão bem ao local que invade o território e impede que as autoctones cresçam e se desenvolvam."


Cortadeira selloana, erva-das-pampas, Moinhos, Miranda-do-Corvo [3]

Acacia Dealbata, mimosa, Portela do Casal Novo, Almalaguês, Coimbra [7]

 Phytolacca americana, tintureira, Casal Novo, Almalaguês, Coimbra [4]

Oxalis pes-caprae, azeda, Casal Novo, Almalaguês, Coimbra [8]


Elodie Blassiau, Consultora de Software Informático, natural de França, preocupada com a biodiversidade

"Espécies invasora é uma espécie que não é originalmente do lugar, que prolifera e atrapalha o crescimento natural das espécies locais e assim interfere com a biodiversidade."


Eichhornia crassipes, Jardim Tropical do Funchal, Madeira [9]

Arundo donax, cana-comum, Ecopista de Évora: todo ao longo da etapa entre Bacelo e o fim do percurso [11]

 Ipomoea indica, bons-dias, Convento São Bento de Castris, Évora [10]

Phytolacca americana, tintureira, Casa abandonada, Évora [4]


João Manuel Queirós de Sousa Marques, médico veterinário,  técnico a explorações leiteiras de bovinos

"Sou médico veterinário e exerço funções de nutricionista de grandes ruminantes e dou apoio técnico a explorações leiteiras de bovinos na zona do entre Douro e Minho através de uma empresa multinacional - NANTA SA.


Nos meus tempos livres dedico-me à agricultura numa exploração familiar de pequena dimensão em que uma das actividades principais inclui a criação em regime semi-selvagem de cavalos de raça garrana. O pastoreio destes animais é feito a maior parte do ano em regime livre numa área de pasto tradicional do "Monte de Santa Luzia" em Viana do Castelo. Este monte situa-se na região litoral do concelho e tem continuidade geográfica e ecológica com a Serra d'Arga.


Posso afirmar que tenho assistido, ano após ano, desde há 20 anos a esta parte, à perda de áreas de pastoreio arbustivo centenárias (matos à base de várias espécies de tojo, urze, carqueja, giesta e ervas espontâneas) e de áreas de floresta de carvalhos e sobreiros, em primeiro lugar pela ação nefasta dos fogos descontrolados das décadas de 80 e 90 do século passado e com a "ajuda" mais recente de "espécies invasoras" que têm beneficiado do desequilíbrio ecológico criado pelos fogos e pelo abandono do uso tradicional dos matos pelas populações serranas para ocupar áreas anteriormente dominadas pelas espécies nativas referidas.


As espécies invasoras dominantes nesta área são o eucalipto, a mimosa (Acacia dealbata), a "Austrália" (Acacia melanoxylon) e a acácia-de-espigas (Acacia longifolia). Mais recentemente começam a surgir um pouco por toda a serra os "espinheiros" ou Háquea Espinhosa (Hakea sericea).


Os eucaliptos dominam já há algumas décadas as zonas baixas da serra ("encostas") tendo substituído as florestas originais de carvalhos, sobreiros e pinheiro-bravo. Nos últimos 20 anos, temos assistido à proliferação descontrolada das outras invasoras, especialmente a mimosa de espigas, que ocupa já vastas áreas também de "encosta" e estando já a iniciar a ocupação de zonas de "planalto" que são as áreas tradicionais de pastoreio dos nossos cavalos de raça garrana. Mais recentemente começam a surgir de forma dispersa, mas progressiva, as háqueas espinhosas um pouco "por todo o lado". A nível ecológico, esta invasão tem-se traduzido numa redução constante e progressiva de área de pastoreio disponível para os herbívoros da serra (cavalos já referidos, mas também bovinos de raça barrosã, minhota e cachena) para além dos restantes herbívoros selvagens (sobretudo corço).


Decidi participar neste desafio porque estou ciente de que "estamos a perder esta batalha" e que apenas com ajuda poderemos reverter este processo, para não perdermos a "nossa serra" tal como a conhecemos hoje!


Posto isto definiria espécie invasora como "espécie vegetal estranha à nossa flora autóctone que, uma vez instalada num habitat, prolifera de forma descontrolada deslocando/substituindo espécies nativas e desequilibrando ecossistemas que demoraram milénios formar-se".


Hakea sericea, Háquea Espinhosa, Monte de Santa Luzia, Viana do Castelo [12]

Hakea sericea, Háquea Espinhosa & Eucalyptus globulus, eucalipto-comum, Monte de Santa Luzia, Viana do Castelo [12] & [13]


Marco Mata, 40 anos, residente em Marrazez-Leiria

"Espécie invasora é uma espécie que é introduzida intencionalmente ou acidentalmente pelo ser humano. Esta espécie reproduz-se rapidamente e espalha-se por grandes áreas de forma descontrolada, prejudicando as nativas pondo em causa a sua existência e constituindo um sério risco para a biodiversidade."


Arundo Donax, Acacia dealbata, Ipomoea indica, bons-dias, Marrazes-Leiria [11][10]

 Ipomoea indica, bons-dias, Marrazes-Leiria [10]

Acacia dealbata & Ipomoea indica, bons-dias, Marrazes-Leiria [7] [10]


Mariana Jegundo dos Santos, 10 anos, estudante no Colégio Nossa Senhora de Fátima, em Leiria.

"Tenho uma disciplina que se chama Descoberta do Meio, e no dia 22 de Setembro tivemos uma aula de campo. Nessa aula, para além de ajudarmos a limpar as nossas praias, o nosso professor explicou-nos o que eram espécies invasoras e conhecemos algumas delas, como os chorões das praias, o rabo de coelho e as acácias.


Para mim uma espécie invasora é uma espécie que veio de outra região e que está a ocupar o lugar das plantas autóctones, ou seja das plantas que são mesmo dessa zona, impedindo o seu crescimento e matando essas plantas." 


Carpobrotus edulis, chorão-das-praias, Praia do Pedrógão, Leiria [5]


Mil-voz, Bio-Reserva Senhora da Alegria, Almalaguês

Uma espécie invasora é uma espécie transportada, intencionalmente ou não, para territórios fora da sua área natural de distribuição, e onde acaba por adquirir um comportamento agressivo na competição com espécies nativas, ocupando o seu nicho ecológico. Uma das maiores ameaças à identidade da paisagem e a uma imensidão de ecossistemas naturais, muitas vezes únicos, caracterizados por ritmos naturais e de equilíbrio entre espécies desenvolvidos ao longo de milhões de anos, agora interrompidos pela acção humana.


A 'MilVoz - Associação de Protecção e Conservação da Natureza', criada em Maio de 2019, nasce da vontade de um conjunto de cidadãos em dar voz e representar o património natural da região de Coimbra, zelando pela sua preservação. Temos como objectivo a valorização, protecção e ampliação de zonas de elevado valor ecológico, não só através da criação de uma rede de reservas naturais em zonas de biodiversidade rica e de floresta autóctone portuguesa, bem como preservando a paisagem e o espaço rural. Para isso, a Associação propõe-se a adquirir terrenos com objectivos de gestão e conservação, a promover iniciativas de voluntariado, convívio e aprendizagem envolvendo a população, a fazer divulgação e educação ambiental com carácter didático e científico e executar projectos de estudo da biodiversidade com benefícios para a conservação da natureza.


Phytolacca americana, tintureiraBio-Reserva da Senhora da Alegria, Almalaguês, Coimbra [4]

Arundo donax, cana-comum, Bio-Reserva da Senhora da Alegria, Almalaguês, Coimbra [11]

Eucalyptus globulus, eucalipto-comum, Bio-Reserva da Senhora da Alegria, Almalaguês, Coimbra [13]


Susana Ferreira, especialista em Linguística

São espécies que não são originárias do sítio onde nascem, e que se estabelecem em força. Crescem desmesuradamente, comprometendo a biodiversidade de determinado local.


Arundo donax, cana-comum, Casal dos Balaus, Condeixa-a-Nova [11]


Saiba mais sobre as espécies mencionadas neste artigo:

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