"O valor da inacção é incalculável e não é sentido pela sociedade nem pelo poder público, porque ainda não se sentiu nem em casa nem no bolso."
Maria Amélia Martins-Loução, Presidente da SPECO, escreveu um artigo de opinião no Jornal Público no âmbito da 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16), que terminou no passado dia 2 de Novembro.
"A COP16, cimeira da biodiversidade das Nações Unidas, que teve lugar em Cali, Colômbia, terminou a 2 de Novembro, sem avanços e cheia de impasses. As grandes esperanças simbolizadas pelo título da cimeira, “Paz com a Natureza”, e pelo sucesso histórico da COP15 aprovando um Quadro Global de Biodiversidade, elevou a expectativa: era a altura da concretização. No fim, porém, a reunião ficou suspensa na altura da votação sobre o tipo de compromisso que os países deviam assumir para financiar o fundo criado para conservação da biodiversidade. A discussão sobre o financiamento arrastou-se, mas os mecanismos e procedimentos de supervisão ficaram protelados.
O valor da inacção é incalculável e não é sentido pela sociedade nem pelo poder público, porque ainda não se sentiu nem em casa nem no bolso. Há um contínuo adiar de soluções e olha-se apenas para o que dá lucro directo. Quando as alterações climáticas surgem e afectam as povoações, apenas se avalia a situação do momento e os problemas sociais e económicos que daí advêm. Esquece-se que o mar pode subir e varrer casas onde antes estavam dunas, as chuvas podem acumular-se, porque já não há solo para reter e drenar, o vento e a água arrastam casas e árvores, porque já não há barreiras naturais de mosaicos de vegetação.
Após a COP da biodiversidade, vem a COP do clima que terá muito mais impacto mediático. Ainda não se compreendeu que a crise climática e a perda de biodiversidade são questões que se interpenetram e não faz sentido serem tratadas individualmente." LEIA MAIS
+ ecoinfo | "Paz com a natureza vira indiferença à natureza" in publico.pt.
Saudações ecológicas.
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