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Prémio de Doutoramento 2021 | Tiago Morais, 3º Classificado


Tiago Morais é engenheiro do ambiente enquanto aluno de doutoramento no MARETEC (Centro de Investigação Marinha, Ambiente e Tecnologia) do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa produziu modelos que utilizam dados de deteção remota e tratamentos estatísticos para melhorar a caracterização de sistemas de pastagens, nomeadamente ligadas ao ciclo do carbono e do azoto. A nível global, aplicou um modelo análogo à produção mundial de alimentos para avaliar as emissões de gases com efeito de estufa tendo em conta as múltiplas dietas e sistemas de produção. Utilizou ainda o carbono orgânico no solo, como indicador de biodiversidade e dos serviços de ecossistema. Os estudos elaborados demonstram como a modelação ambiental quantitativa pode ser utilizada e melhorada para a caracterização ecológica de diferentes usos do solo.



A SPECO conversou com Tiago Morais sobre a sua vitória, as suas motivações para concorrer, sobre o percurso passado no seu doutoramento, e os passos seguintes. E sugere-nos, à Sociedade Portuguesa de Ecologia, outras formas de valorizar a carreira de investigação em Ecologia e de motivar mais jovens a seguir esta carreira. Acompanhe-nos!


1 Qual ou quais as perguntas que estiveram na base do seu projecto de doutoramento?

Os topicos/questões que tiveram na base do meu doutoramento forma os seguintes:

  1. Avaliar usabilidade e limitações dos modelos diponiveis para modelção ambiental quantitativa;

  2. Melhorar a disponibilidade e a quantidade de dados para modelação ambiental quantitativa ao nível da exploração agrícola;

  3. Desenvolver modelos quantitativos e multi-escala de balanço de massa de carbono e azoto para usos do solo agrícolas;

  4. Melhorar o conhecimento sobre o efeito das alterações do uso do solo no carbono orgânico no solo;

  5. Melhorar métodos para a contabilização da perda de carbono orgânico no solo em métodos quantitativos de avaliação ambiental.

2 Que resultados o deixaram mais satisfeito?

Entre os múltiplos resultados do meu doutoramento, os que me deixaram mais satisfeito foi a integração de múltiplas áreas de investigação, como balanços de massa de carbono e azoto, deteção remota entre outras, para a produção de ciência que tem expressão nas discussões atuais de sustentabilidade. Nomeadamente, através da publicação do trabalho que avalia a sustentabilidade de diferentes opções de dieta humana e diferentes sistemas de produção agrícola. Este trabalho mostra que a agricultura biológica, como é praticada atualmente, não conseguirá em 2050 obter azoto suficiente para ser viável a nível global. No entanto, esta limitação é resolúvel até 2050, mas apenas através de investimentos em inovação e eficiência na produção agrícola e animal, com redução do desperdício alimentar, diversificação de fontes de fertilizante orgânico e o recurso a energias renováveis.


3 Qual ou quais os principais desafios que enfrentou? Como conseguiu superá-los?

O principal desafio que enfrentei no meu doutoramento foi precisamente a integração de diferentes áreas de investigação. Diferentes áreas utilizam dados e métodos distintos que muitas vezes tornam a sua integração num desafio, como por exemplo a utilização de modelos de balanço de massa, que podem ser relativamente simples ou complexos e a sua integração com procedimentos/modelos que combinam deteção remota e métodos de aprendizagem automática.


4 O que ficou por explorar?

Existiram diversos tópicos, igualmente interessantes aos que foram explorados, que ficaram por explorar no meu projeto de doutoramento. Aqueles que gostaria de realçar são os que estão relacionados com a integração de áreas de investigação, como a melhoria da combinação de modelos baseados em processos físicos e biológicos com modelos puramente ligados aos dados, ou modelos que combinam deteção remota e aprendizagem automática. Na minha tese, este ponto foi levemente abordado, continuando, por isso, a existir uma grande necessidade de que os modelos com base em dados respeitem os processos naturais. Gostava ainda de realçar outro tópico que ficou por explorar na minha tese de doutoramento, que é a ligação da investigação científica com o “mundo real”. Particularmente, de que forma os modelos que foram produzidos durante o meu doutoramento podem ser utilizados e/ou aperfeiçoados para que a gestão das explorações agrícolas tenha como objetivo a melhoria da sustentabilidade.


5 O que o levou a concorrer ao Prémio?

A principal razão pela qual concorri ao Prémio foi o prestígio de ver os resultados do meu doutoramento reconhecidos e valorizados pela SPECO. Mais, sendo a SPECO reconhecida na comunidade científica, como uma associação que defende a ecologia e a sustentabilidade, considerei também que o meu doutoramento se enquadrava de acordo com os seus objetivos no que respeita a interdisciplinaridade em Ecologia.


6 Que impacto espera que o Prémio tenha na sua carreira e no seu trabalho?

Espero que este Prémio permita que as áreas da ecologia que foram abordadas durante o meu doutoramento ganhem mais notoriedade, como a ecologia ambiental e a agroecologia. Também, os métodos que utilizei no meu doutoramento, não sendo os mais “tradicionais”, são mais valias no estudo da ecologia. A nível pessoal, espero que este Prémio seja um cartão de visita para os próximos passos enquanto investigador.


7 O que gostaria de ver na SPECO que impulsionasse os jovens a seguir investigação em Ecologia?

Na minha opinião, a SPECO tem feito um bom trabalho a valorizar os jovens investigadores e a comunicar a importância destes para o estudo das diferentes áreas da ecologia. Falando sobre a situação na minha instituição (Instituto Superior Técnico), nos últimos anos, os estudantes do ensino superior têm vindo a ganhar mais conhecimento sobre a carreira científica, mas ainda assim penso que não é tão valorizada como outras carreiras. Nesse sentido, penso que iniciativas como workshops/encontros entre investigadores de diversas áreas, e alunos do ensino secundário seriam oportunidades valiosas de motivar jovens a seguir uma carreira cientifica que integre investigação em ecologia.

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