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Em 2017, a SPECO lançou, pela primeira vez, umprémio para recém doutorados, como forma de valorizar o trabalho desenvolvido ao longo do seu programa doutoral. Este prémio foi possível devido à generosidade de uma Fundação privada, a Fundação Amadeu Dias, desperta para os desafios do interesse público, que permitiu à SPECO satisfazer um sonho de há muito.
Esta é uma maneira de valorizar o trabalho dos nosso jovens doutores, através de um programa posto a concurso, escrutinado por um júri idóneo que, com criteriosa seriedade, avalia as propostas submetidas. Os jovens doutorados terão de ser sócios da SPECO e terão à sua disposição um regulamento exigente, mas transparente, que pretende funcionar como incentivo à investigação ecológica. Os três candidatos seleccionados em 2017 têm o seu projecto de candidatura como parte integrante deste volume. Os prémios atribuídos foram em valor monetário para o primeiro e segundo classificado (respectivamente no valor de 2500 e 1000 €) tendo o terceiro recebido menção honrosa.
Ricardo Rocha, Alice Nunes, investigadores no cE3c (Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Climáticas) da Universidade de Lisboa, e Elsa Teresa Rodrigues investigadora no CFE (Centro de Ecologia Funcional), da Universidade de Coimbra foram seleccionados como primeiro, segundo e terceiros classificados, respectivamente, pelo júri convidado a avaliar as candidaturas ao Prémio de Doutoramento em Ecologia - Fundação Amadeu Dias.
Ricardo Rocha estudou o efeito da fragmentação florestal nas comunidades faunísticas tropicais, usando morcegos como modelo biológico. O aspecto inovador da sua investigação foi a abordagem utilizada para avaliar os efeitos à escala espacial e temporal. Para isso tirou partido de uma base de dados de morcegos amostrados em floresta contínua entre 1996 e 2002 e da sua própria recolha de observações entre 2011 e 2014. Este estudo constitui uma ferramenta de gestão na regeneração de paisagens fragmentadas, dando realce ao benefício da protecção das florestas secundárias para a conservação de vertebrados tropicais.
Alice Nunes estudou e identificou atributos funcionais das plantas como ferramenta para o restauro de zonas áridas e mostrou que a diversidade funcional responde de forma mais previsível ao clima do que a diversidade de espécies. Com este trabalho desenvolve um indicador baseado em múltiplos atributos funcionais, que pode ser usado para mapear áreas em risco de desertificação e degradação do solo. Ou seja, uma ferramenta que contribui para melhorar as previsões dos efeitos das alterações climáticas nas zonas áridas e optimizar estratégias de gestão e restauro destas áreas.
O terceiro trabalho seleccionado, de Elsa Teresa Rodrigues, é um importante contributo para o desenvolvimento de ensaios ecotoxicológicos alternativos ao uso de peixes (organismos vertebrados) em laboratório. Neste trabalho usou o caranguejo Carcinus maenas como modelo experimental e desenvolveu um teste in vitro com linhas celulares para a avaliação do risco ambiental do fungicida, azoxistrobina, normalmente usado em agricultura. Com esta metodologia foi-lhe possível determinar a variação sazonal e espacial dos fungicidas no estuário do rio Mondego assim como os níveis críticos reais presentes no sistema estuarino. Este trabalho alerta, ainda, para a necessidade de se melhorar os processos de avaliação do risco ambiental dos biocidas usados, normalmente, em agricultura.
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