Já são conhecidos os vencedores da primeira edição do Prémio de Doutoramento em Ecologia – Fundação Amadeu Dias, organizado pela SPECO – Sociedade Portuguesa de Ecologia. Os três primeiros classificados irão apresentar o seu trabalho no 16º Encontro Nacional de Ecologia, que terá lugar a 9 e 10 de novembro na Reitoria da Universidade de Lisboa.
Ricardo Rocha, Alice Nunes, investigadores no cE3c (Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Climáticas) da Universidade de Lisboa, e Elsa Teresa Rodrigues investigadora no CFE (Centro de Ecologia Funcional), da Universidade de Coimbra foram seleccionados como primeiro, segundo e terceiros classificados, respectivamente, pelo júri convidado a avaliar as candidaturas ao Prémio de Doutoramento em Ecologia - Fundação Amadeu Dias.
Os Premiados
Ricardo Rocha estudou o efeito da fragmentação florestal nas comunidades faunísticas tropicais, usando morcegos como modelo biológico. O aspecto inovador da sua investigação foi a abordagem utilizada para avaliar os efeitos à escala espacial e temporal. Para isso tirou partido de uma base de dados de morcegos amostrados em floresta contínua entre 1996 e 2002 e da sua própria recolha de observações entre 2011 e 2014. Este estudo constitui uma ferramenta de gestão na regeneração de paisagens fragmentadas, dando realce ao benefício da protecção das florestas secundárias para a conservação de vertebrados tropicais.
Alice Nunes estudou e identificou atributos funcionais das plantas como ferramenta para o restauro de zonas áridas e mostrou que a diversidade funcional responde de forma mais previsível ao clima do que a diversidade de espécies. Com este trabalho desenvolve um indicador baseado em múltiplos atributos funcionais, que pode ser usado para mapear áreas em risco de desertificação e degradação do solo. Ou seja, uma ferramenta que contribui para melhorar as previsões dos efeitos das alterações climáticas nas zonas áridas e optimizar estratégias de gestão e restauro destas áreas.
O terceiro trabalho seleccionado, de Elsa Teresa Rodrigues, é um importante contributo para o desenvolvimento de ensaios ecotoxicológicos alternativos ao uso de peixes (organismos vertebrados) em laboratório. Neste trabalho usou o caranguejo Carcinus maenas como modelo experimental e desenvolveu um teste in vitro com linhas celulares para a avaliação do risco ambiental do fungicida, azoxistrobina, normalmente usado em agricultura. Com esta metodologia foi-lhe possível determinar a variação sazonal e espacial dos fungicidas no estuário do rio Mondego assim como os níveis críticos reais presentes no sistema estuarino. Este trabalho alerta, ainda, para a necessidade de se melhorar os processos de avaliação do risco ambiental dos biocidas usados, normalmente, em agricultura.
O Prémio
Os prémios, no valor de dois mil e quinhentos e mil euros, são atribuídos, respectivamente, ao primeiro e segundo classificados. Ao terceiro prémio é atribuída uma menção honrosa. Os três candidatos terão ainda um bónus de 2 anos com quotas pagas.
O prémio recebeu nove candidaturas, de doutorados com teses defendidas nas Universidades de Lisboa, Coimbra, Aveiro, Porto e Algarve.
O Júri
Professora Maria Amélia Martins-Loução, presidente da SPECO (Sociedade Portuguesa de Ecologia),
Professor Henrique Cabral, professor catedrático da Universidade de Lisboa e coordenador do MARE (Centro de Ciências do Mar e do Ambiente),
Professora Margarida Reis, professora associada com agregação da Universidade de Lisboa e coordenadora do cE3c (Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Climáticas),
Professora Helena Freitas, professora catedrática da Universidade de Coimbra e coordenadora do CFE (Centro de Ecologia Funcional),
Professora Myriam Lopes, professora auxiliar da Universidade de Aveiro, e vice-coordenadora do CESAM (Centro de Estudos Ambientais e Marinhos),
Doutor Joaquin Hortal, investigador colaborador do cE3c, do Museu Nacional de Ciencias Naturales (CSIC) Madrid,
Doutor João Gonçalves, administrador da Fundação Amadeu Dias.
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